Poema Planetário de Adrienne Rich

Planetário
[Pensando em Caroline Herschel (1750-1848)
Astrônoma, irmã de William; e outras.]

Mulher em forma de monstro
monstro em forma de mulher
os céus estão cheios delas

mulher ‘na neve
entre os Relógios e instrumentos
ou medindo o chão com varas‘

seus 98 anos para descobrir
8 cometas

mulher ela que a lua regia
como nós
levitando à noite-céu
montando lentes polidas

Galáxias de mulheres, ali
cumprindo penitência pelo ímpeto
costelas arrepiadas
naquele lugar das ideias

Um olho
‘viril, preciso e absolutamente certeiro‘
das teias loucas de Uranusborg

encontrando a NOVA

todo impulso de luz explosão

do caroço
à medida que a vida voa

Tycho finalmente sussurra
‘Que eu não pareça ter vivido em vão’

O que vemos,
e ver é cambiar

a luz que encolhe a montanha
e deixa vivo um homem

Heartbeat e o pulsar
coração suando pelo corpo

O impulso de rádio
de Taurus entornando

Bombardeada ainda assim em pé

Em pé minha vida toda no
caminho direto de uma bateria de sinais
mais precisamente transmitido mais
intraduzível língua no Universo
Sou nuvem galáctica tão profunda tão invo-
lutosa que a onda de luz poderia levar 15
anos para viajar por mim 
E vem
levando
 Sou instrumento com forma
de mulher tentando traduzir pulsos
em imagens para o alívio do corpo
e a remontagem das ideias.

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Fonte:
https://traducaoliteraria.wordpress.com/2016/06/23/planetario-de-adrienne-rich/